sexta-feira, 13 de agosto de 2010

" Umbigo da Bahia" resiste ao tempo sem doações do Governo


Fonte: Antônio Carlos Silva Ferreira (Fotógrafo amador, Ex-publicitário)

Agora sob os cuidados da ABRAF – Associação Brasileira dos Amigos das Fortificações Militares e Sítios Históricos, o Forte São Marcelo pode ser visitado e, em que pese ainda estar carente de recuperação e implantação de infra-estrutura, já se nota o esforço da ABRAF em valorizar o nosso secular guardião.

Adquirimos no Centro Náutico, o ingresso no valor de R$ 10, que cobre a travessia de barco e um tour guiado nas dependências do forte. A emoção aumentava quanto mais o forte nos parecia se aproximar do barco até o momento histórico em que nosso grupo transpôs o pórtico que dá acesso ao interior da edificação.

Explorando o São Marcelo

Visitando as 30 salas do forte pisávamos agora o mesmo chão onde pisaram personagem histórico como Bento Gonçalves, da Revolução Farroupilha, e Cipriano Barata, líder da Revolta dos Alfaiates que ali estiveram presos. Na caminhada com o guia não podíamos deixar de notar que o Forte pede ajuda. Não há mobiliário, nenhuma das suas peças de artilharia está por lá e há até mesmo paredes e piso que foram cobertos de azulejo e cerâmica moderna, desfigurando o monumento. Não há energia elétrica nem instalações sanitárias para uso dos visitantes, mas sabe-se que a direção da ABRAF já está providenciando a instalação de um banheiro químico e vislumbra a revitalização do forte com inclusão de atividades temáticas, recolocação dos antigos canhões usa de uniformes de época e a implantação de lanchonete e lojas de souvenir. O passeio em si torna-se pobre devido às condições físicas e de ambientação do forte, mas serve ao mesmo tempo como denúncia e alerta para a necessidade de uma ação reparadora.

Ao final dos cerca de 60 minutos de passeio, o guia nos acompanha até o píer de onde o barco nos trará de volta à terra firme em cinco minutos de travessia. Do passeio resta a consciência de que ainda não se fez tarde para resgatarmos o Forte São Marcelo, mas que é preciso a sociedade civil engajar-se na luta pela sua recuperação, inclusive cobrando ação dos poderes públicos. E é claro que ficou também o gostinho de ter finalmente conquistado e incorporado ao nosso acervo de riquezas o antes intocável umbigo da Bahia.


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